Para se manter atualizado das contratações da offseason, fique de olho na nossa Planilha de Free Agents
Devin Harris – Dallas Mavericks (9 milhões por 3 anos)
Parece que foi outro dia que Devin Harris era um promissor armador na NBA, mas seu auge já passou e ele já é um balzaquiano. No meio do caminho, perdeu um pouco da velocidade que tanto o marcou no começo de carreira. Depois que chegou a marcar 21 pontos por jogo no New Jersey Nets em 2008-09, seu desempenho foi caindo aos poucos ano a ano.
Ele renasceu, porém, quando voltou a seu time de origem, o Dallas Mavericks. Como reserva na temporada passada, conseguiu fazer bons jogos e se destacou em especial nas primeiras partidas da série contra o San Antonio Spurs. É sempre bom ter um cara que gosta de atacar a cesta no banco de reservas; como um especialista em 3 pontos, é o tipo de jogador necessário para quebrar alguns tipos de defesa e promover um boost ofensivo que pode mudar a cara do jogo.
Mas será que Harris ainda é esse cara? Existiram bons momentos no ano passado, mas nada que empolgue muito. E pior que o novo contrato é de 3 anos, dá pra imaginar Harris explodindo para o meio da defesa no auge dos seus 33 anos? Ele não é nenhum Highlander como Jamal Crawford. Segundo dados do SynergySports, na temporada passada ele só passou dos 40% de aproveitamento em um tipo de situação ofensiva: contra-ataques. Em arremessos parado, vindo do drible, isolações e pick-and-roll, tudo na casa dos 20% ou 30%. Até nas bolas de 3 pontos, onde ele havia melhorado nos dois anos anteriores (36% e 35%), voltou a cair para os 30% de aproveitamento.
O preço foi muito bom e não atrapalha em nada a flexibilidade do Dallas Mavericks, mas existe o risco do time precisar mais de Harris do que se imagina, especialmente se a aposta em Raymond Felton não dê resultado.
Kyle Lowry – Toronto Raptors (48 milhões por 4 anos)
Greivis Vásquez – Toronto Raptors (13 milhões por 2 anos)
O Toronto Raptors foi uma das grandes histórias da última temporada. Conseguiram trocar os até então inegociáveis contratos de Rudy Gay e Andrea Bargnani e, quando todos achavam que iriam ruir, conseguiram a melhor campanha do ‘resto’ do Leste, atrás apenas do hiper favoritos Miami Heat e Indiana Pacers. Mas o elenco muito jovem sofreu nos Playoffs e perderam dois jogos em casa para o experiente Brooklyn Nets, inclusive o Jogo 7.
Com uma porrada de Free Agents no grupo, surgiram dúvidas: dá pra segurar todo mundo? Vale a pena segurar um monte de gente que nem passou da primeira rodada? Será que era só gente desesperada atrás de um contrato novo?
Eram riscos, claro, mas era obrigação moral do Raptors dar mais uma chance para um time que foi tão longe. Especialmente porque com o enfraquecimento de Heat (sem LeBron James) e Pacers (sem Lance Stephenson), a conferência está mais aberta do que nunca. Kyle Lowry foi o grande pontuador do time nos quartos períodos, o criador de jogadas e o melhor defensor individual. Saiu caro, é claro, mas quando um cara encaixa tão bem assim, é bom apostar. Lowry tinha fama de ser difícil no vestiário, mas parece ter se encontrado com esse grupo, Toronto pode ser o que Memphis foi para o também difícil Zach Randolph.
Quem também saiu caro foi Vásquez, especialmente porque vai se pagar mais de 6 milhões de dólares para um reserva. Mas, se você pensar bem, faz sentido. O armador venezuelano, além de substituir o titular na armação, teve ótimas atuações ao lado de Lowry. Com boa altura para marcar os shooting guards e bom aproveitamento em arremessos (38% em bolas de 3 pontos), ele será mais do só um backup. A duração de seu contrato, 2 anos, também é boa. Em 2016 vão começar os papos de renovação com Terrence Ross e Jonas Valanciunas e DeMar DeRozan estará entrando no último ano de seu contrato. Também está sendo um ano antecipado como um dos com mais variedade de bons jogadores disponíveis na Free Agency.
Vince Carter – Memphis Grizzlies (12 milhões por 3 anos)
Se Devin Harris parecia acabado, o que dizer de Vince Carter e seus 37 anos?! Mas por incrível que pareça, o Vinsanity arranjou um jeito de ser eficiente nos últimos anos de sua carreira. Ele desenvolveu bom arremesso de longa distância, com 40% da linha dos 3 pontos (44% na diagonal esquerda do ataque, de longe da onde ele mais tentou arremessos) e, mais importante, criou ótimo entrosamento com o pivô Brendan Wright em Dallas. Os dois faziam um jogo de pick-and-roll mortal, com ponte aéreas, criação de jogadas, infiltrações e tudo mais que envolve a jogada. Carter teve 42% de acerto de arremessos em jogadas terminadas no pick-and-roll, 21ª melhor marca da liga.
Certamente é estranho dar um contrato de 3 anos para um cara de quase 40. Também não dá pra garantir que ele terá o mesmo sucesso sem a parceria com Wright e sem Rick Carlisle no banco. O técnico do Mavs é um dos melhores criadores de jogadas de ataque da NBA; enquanto o Memphis Grizzlies, seja antes com Lionel Hollins ou agora com Dave Joerger, não é conhecido por um ataque fluído e fácil.
Jodie Meeks – Detroit Pistons (19 milhões por 3 anos)
Todo mundo fica falando mal do Mike D’Antoni, mas tá aí outro grande contrato conseguido por um jogador que só rendeu sob os comandos de antigo treinador do Los Angeles Lakers. Mas sejamos justos também, apesar de beneficiado pelo espaço e velocidade que só D’Antoni sabe criar, Meeks mostrou uma grande evolução individual: está mais confiante no próprio drible, passou a atacar mais a cesta, especialmente em contra-ataques, e até na defesa ele não é mais uma negação, como era alguns anos atrás.
Ele não é gênio, não é grande defensor e nem vai resolver todos os muitos problemas do Detroit Pistons, mas foi uma boa contratação porque responde a pelo menos um deles. Ano passado o Pistons foi o segundo pior time da NBA em aproveitamento de 3 pontos (32%), justamente a especialidade de Meeks. E mais do que isso, o ala/armador teve a 10ª melhor marca de toda a NBA em pontos por arremesso na última temporada. A marca conta quantos pontos um jogador marca a cada posse de bola onde ele finaliza o ataque; Meeks conseguiu uma média de 1,09 pontos a cada posse de bola onde ele arremessou.
Mike Miller – Cleveland Cavaliers (5.5 milhões por 2 anos)
James Jones – Cleveland Cavaliers (1.4 milhão por 1 ano)
Brendan Haywodd – Cleveland Cavaliers (2 milhões por 1 ano)
O primeiro resultado da ida de LeBron James ao Cleveland Cavaliers! Com o melhor jogador da galáxia por lá, o time tem tudo para se tornar um imã de bons veteranos nos próximos anos. Por enquanto só vieram Mike Miller e os limitadíssimos Brendan Haywood e James Jones. É pouco, claro, mas eu acho que tem a ver com o fato do Cavs não querer passar muito do salary cap nesta e na próxima temporada, lutando pela chance de adicionar mais uma estrela ao time.
Em Miami, LeBron conseguiu atrair Ray Allen, Rashard Lewis e o próprio Mike Miller. Em Cleveland a expectativa é por Kevin Love. O mundo dos boatos diz que Love toparia uma extensão de contrato caso fosse trocado do Wolves para o Cavs, algo que ele certamente não faria se não fosse para jogar com King James.
Gordon Hayward – Utah Jazz (63 milhões por 4 anos)
Sim, o Utah Jazz decidiu usar seus poderes e igualou a oferta de 63 milhões por 4 anos que o Charlotte Hornets havia oferecido a Gordon Hayward. Como Hayward era um Free Agent Restrito, o Jazz tinha esse poder. Mas antes que vocês pirem com o valor do contrato, vamos lembrar de algumas coisas: (1) Há um ano, o Jazz perdeu, sem receber nada em troca, Al Jefferson, seu melhor jogador, para o mesmo Hornets (na época, ainda Bobcats); (2) Também no ano passado, eles perderam Paul Millsap para o Altanta Hawks em troca de nada; (3) Quando o Jazz perdeu Carlos Boozer para o Chicago Bulls, em 2010, eles só conseguiram arrancar uma trade exception no negócio.
Ou seja, tirando por Deron Williams, o Jazz tem um histórico recente de perder seus melhores jogadores sem receber nada em troca. Culpa deles que não trocam o cara quando podem? Um pouco. Culpa por não conseguir convencer os caras a ficarem? Também. Mas antes que consigam acertar tudo isso, vão ter que gastar mais do que planejado para não ficar andando pra trás.
Para os próximos anos, o Utah Jazz gastará quase 25 milhões por ano com a dupla Gordon Hayward e Derrick Favors, sendo que nenhum deles conseguiu se estabelecer ainda como um jogador de alto nível. Nenhum deles ronda as conversas de All-Star Game. Os dois são bons e ainda jovens, mas para onde vão carregar a equipe? Tudo se compensa de outro lado, porém. Favors ganha seu montante pelos próximos 4 anos, assim como Hayward. Só depois que os dois negócios acabarem que o Jazz terá que se preocupar em dar uma extensão de contrato para os dois caras que realmente podem levar o time a outro nível: Trey Burke e Dante Exum. No meio do caminho, de problema sério, só uma possível renovação com Enes Kanter. Sabemos como pivôs saem caro e como sempre tem time pagando fortunas, talvez não dê para segurá-lo após pagar esse PIB de país médio para Hayward.
Em defesa do ala do Jazz, é bom lembrar que apesar das 4 temporadas de experiência, ele só tem 23 anos. Dava pra ser novato e ainda tem o que evoluir! E no último ano teve ótimas médias de pontos (16) e, mais importante, assistências: 5.2, número muito expressivo para um ala. Sem contar a defesa, que tem melhorado aos poucos. Com dois armadores agressivos, é bom ter um ala que gosta de passar a bola e facilite o jogo fazendo essa transação entre quem ataca a cesta e quem finaliza as jogadas, sejam pivôs ou arremessadores. Meio como Boris Diaw ou Joakim Noah, Hayward é importante jogando no meio da quadra e fazendo a bola girar. É duro pagar 15 milha pro cara fazer isso, mas tem hora que é a única saída.